Entardecer do meu rio Jacuí...

Entardecer do meu rio Jacuí...
.. posso te afirmar que ¨contar histórias é trazer à baila, trazer à tona¨. Não é uma atividade inútil. Embora haja intercâmbio de histórias, quando duas pessoas trocam histórias como presentes mútuos, na maior parte dos casos elas chegaram a se conhecer bem.Alguns deitaram com a história e descobriram dentro de si mesmos e em profundidade todas as partes que se harmonizavam. Ao lidarmos com palavras e histórias estamos trabalhando com energia arquetípica, que é muito similar com a eletricidade.
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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Atos, fatos e retratos

Uma vez ouvi a história de uma mulher que juntava sementes. Sempre que saía a passear ou viajar levava com ela o saco das sementes. Ao passar por estradas, porteiras, campos, canteiros, campinas e cidades, lá estava ela a jogar pela janela do carro, seus punhados de sementes. Sementes de lírios, dálias, avencas, crisântemos. Tudo misturado e jogado ao vento. Com certeza muitas pereceram pelas intempéries, pelas pedras, asfaltos, mas outras tantas germinaram e encantaram os olhos dos viajantes que olhando o serpentear das estradas depararam-se com flores e frutas plantadas ao lado das estradas e caminhos. Quando viajo e não estou dirigindo, gosto de estar quieta, só com meus efervescentes pensamentos, olhando tudo e confesso que em muitas oportunidades pensei : “ quem será que plantou esse pé de laranjeira à beira do caminho? Será que passou novamente por aqui e se deu conta da grandeza do seu ato?” Meu pai sempre respondia meus questionamentos infantis e nas viagens me dizia por que tinha tantos pedaços de pneus às descidas íngremes e por que haviam frutas nos acostamentos; dizia sempre que as pessoas viajavam comendo frutas e jogavam sementes pelas janelas, assim nasciam pés de bergamoteiras, pêssegos e butiás. Novamente as sementes.
Hoje minha colega Izabel falou que tinha acontecido algo inusitado no dia anterior , um senhor bem apessoado e falante tinha lhe dado duas folhas de papel com uns escritos muito instigantes; ela os leu e devolveu-os, ele então disse , “ fique com eles, leia novamente e os repasse para outras pessoas” . Sementes de novo. Agora eram sementes de sabedoria, perdão e paz. Que alma gentil. Pessoas com grandeza de alma e espírito. Ao invés de criticarem o mundo e às pessoas, levavam flores, frutas e palavras de conforto jogando-as ao sabor dos ventos.
Lembrei então de outro exemplo maravilhoso que vi numa cidade do interior gaúcho onde para comemorar a feira do livro, pessoas colocavam livros sobre os bancos das praças da cidade; outros que ali sentavam, liam e deixavam no mesmo lugar para que alguém que os sucedesse também pudesse deleitar sua alma ou então até levar para presentear pessoas que já havia elencado como merecedora ou necessitada daquele carinho. Sementes.
Se o teu jarro está trincado e por ali gotas preciosas de água caem ao chão, não te importa. Pensa que todas as vezes em que vais por dia ao rio buscar tua água, um caminho de flores se abrirá , pois ao regares a terra, ela se abrirá e te presenteará com flores de belíssimos aromas e tons.
Pensei na parábola do semeador, minha preferida, não importa onde joguemos as sementes, debalde o sol ou a chuva, a terra ruim ou a erva daninha, o vento e a tempestade, Deus nos designou semeadores e ao semeador importa apenas semear.

“No espelho mágico da natureza da vida, no interior e exterior de tudo, descobrimos nossos atos. Em nosso espelho real, em nossa vida pessoal, física e individual, conhecemos o nosso retrato e com essa revelação justificativa: o que fazer, e agora, não ata e nem desata? Se tens algo errado em tua vida, aproveita o precioso tesouro do tempo que tens e te retrata” (Obrigada Sr. José Luiz Farias pelas sementes com que brindou a sua cidade)

Um comentário:

  1. Nesse mundo arrevezado pela indiferença humana , o que mais estamos precisando é de semeadores do bem, da virtude, da amizade, das flores. Muito lindo este texto! Abraços. Paz e bem.

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